Vôo no Gaivota

Ave,

Neste fim de semana (17/18 de maio de 2003) estava em Divinópolis-MG, participando do show aéreo promovido pelo AMP - Aeroclube Mineiro de Planadores.

O show aéreo teve acrobacias (Puchacz e Christen Eagle), PQDs, aeromodelismo, o helicóptero da Polícia Militar fazendo evoluções e
campeonato de planadores, com um bom público (segundo as TVs, 5.000 pessoas, o que achei meio exagerado). Tivemos apoio da prefeitura, o que ajudou batsante também.

Minha função era a de fazer 2 apresentações diárias de acrobacia com o Puchacz e de coordenar o 2o. Campeonato Mineiro de Planadores, que contou com 5 queréus (3 do AMP e 2 de Juiz de Fora).

No sabado os queréus fizeram uma TDT/AA de 2:00hrs., voando um máximo de 92km, já que o dia não estava legal, com 1 piloto não largando e 2 pousando fora. Apenas 1 completou.

As apresentações também foram normais: temos sempre que casar as manobras com o público-alvo, que no caso não era muito técnico. Neste caso em geral eu suprimo snap roll, looping no raso, e outros, já que o povão gosta mesmo é de parafusos a baixa altura (olha, tá caindo!!!), vôos no dorso (vai cair de lá de dentro!!!) e uma série de 4 rasos (ah, agora cai!!!).  De efeito, mas tecnicamente papai-mamãe.

No domingo, cheguei cedo e lá vi os alunos da engenharia aeronáutica da UFMG montando o CB-1 Gaivota, que eu só conhecia pendurado no teto da escola. Estava todo reformado, parecia que tinha saído ontem direto das pranchetas do Cláudio Barros (o "CB" ). O chequei em detalhes e estava simplesmente perfeito, com as clássicas linhas da época.

O Gaivota é o planador que originou o AMP na década de 60, fruto de vários pilotos que compraram um PA-18 e receberam o Neiva tubular (de SJ dos Campos) do DAC.  Ficou pronto em 1963, tendo mais de 500 horas de vôo em BH, Itaúna e Juiz de Fora, até sua desativação. Monoplace asa alta, tem envergadura de 12 metros, peso de 130Kg, L:D de 20:1 a 70 km/h.

Os alunos me contaram a estória: um belo dia resolveram abaixá-lo do teto da escola só para limpá-lo, e viram o que tinham nas mãos: um belo planador em estado perfeito de conservação, e resolveram reformá-lo e botá-lo para voar. Me convidaram pra fazer o vôo de teste, o que aceitei com o maior prazer.

Na pista o Cláudio Barros me dava dicas de como ele é de comandos e tal, e era animador ouvi-lo falar: era um pai falando do seu filho, afinal o "CB-1 Gaivota" foi o primeiro de seus projetos (baseado no Hutter/28, acho). O Minuano por exemplo era o "CB-2", e depois veio o motoplanador Vesper, o ultraleve Curumin, etc.

Fiz uma decolagem puxado por carro pra sentir o planador, afinal ele não voava a 15 anos. Estava tudo ok. Depois partimos para o reboque por avião, esquema Neivão: uns bons dentes de flap e 50 milhas (que é a máxima de reboque). Uma delícia de comandos, bem harmoniosos e sem sustos: é um planador que te avisa com atecedência de tudo o que vai acontecer. Não tem freio aerodinâmico, mas também não precisa: é bom de glissada como todos os asa-alta e no chão o patim faz o serviço: escostou, parou. Pena que não
tinha muitas térmicas, e não deu pra subir muito. Mas vi que deve subir bem, tem aquele efeito igual ao do Spallinger, onde na decolagem parece que você está em um parapente, e é bem leve: na térmica, deve dar um pau dos bons em um queréu!

No próximo fim de semana (24 e 25 de Maio) tem o encerramento do show aéreo, e vou estar publicando os resultados do campeonato. Parece incrível, mas estou mais animado a voar de novo o Gaivota que fazer as acros com o Puchacz... Essas nossas aves antigas são mesmo um charme, não?

Abraço,
Henrique Navarro